27 04 SBCAT noticia DrEscrever sobre si mesmo é a arte de não escrever demais, para não ficar enfadonho, nem de menos, para não esquecer de pessoas e fatos. Vamos lá. Sou carioca, nascido em março de 1969, filho de pai bancário, mãe dona de casa e um irmão mais novo. Nada que lembre química, engenharia química, ou, muito menos, catálise. Assim, minha inspiração para a área de química se iniciou na infância, brincando com os kits de Pequeno Químico que meu pai comprava. Também gostava de eletricidade em função do hobby de meu pai. Assim, logo depois de acabar com todas as soluções do Pequeno Químico, comecei a fazer experiências em Ueletrólise, quase ateando fogo em casa. Ou seja, química e eletrônica eram carreiras que estavam no radar.

Acabei entrando para o curso técnico em química na Escola Técnica Federal de Química/RJ. Desde as primeiras aulas de Química Geral Experimental I, percebi que aquele ambiente me agradava por me lembrar das brincadeiras da infância. Inesquecíveis professores de lá: Nabuco, Marcheson, Jussara Paixão, Marco Antônio, Reinaldo, José Luis e Falcon.

Em 1987, entrei para a Escola de Química/UFRJ para cursar Engenharia Química. Mas, ainda faltava o estágio da Escola Técnica que fiz no primeiro semestre daquele ano, no LADEQ/UFRJ sob orientação da Profa. Belkis Valdman. No estágio, entre as atividades que fazia, auxiliando uma tese de doutorado sobre fermentação alcoólica de melaço de cana com Saccharomyces cerevisiae, ia visitar uma sala ao lado da minha, com uns cromatógrafos. Lá, entre outras pessoas, trabalhava um rapaz com sotaque esquisito. Descobri que era um laboratório do NUCAT e depois soube que o rapaz era o Prof. Victor Teixeira da Silva fazendo parte de sua pós-graduação. Na graduação, também tive alguns professores marcantes, tanto no ciclo básico, como Roberto Faria e Gerson, quanto no profissional, como Vicente Gentil, Martin Schmal e José Luiz Monteiro.

Em 1992, me inscrevi no mestrado no Programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ. Fui procurar o Prof. Carlos Russo, que me ofereceu uma dissertação envolvendo a estação de esgoto da Penha, e o Prof. Martin Schmal, que me sugeriu conversar com a Profa Lídia Chaloub Dieguez. Feliz sugestão aquela! Fui orientado da Profa. Lídia por quase 10 anos entre mestrado, doutorado e projeto. Reputo à Profa. Lídia grande parte da minha formação como pesquisador, não apenas pela orientação acadêmica, mas também pela amizade, apoio, incentivo e dedicação. É minha madrinha na catálise e madrinha de casamento.

O mestrado foi sobre sistemas Pd/Al2O3 para catálise automotiva. Como não fiz iniciação científica em catálise, quem me ensinou a preparar meu primeiro catalisador foi o Robson Monteiro. Somente quem conviveu no porão do Bl H do Centro de Tecnologia da UFRJ onde ficavam os laboratórios nas salas 3 e 13, lembra das centopeias que circulavam pelos corredores. Mesmo assim, ciência muito boa se fazia ali num ótimo ambiente entre as pessoas. Aprendi muito com eles e com os técnicos do NUCAT, em especial, Ayr, Macarrão, Célio, Sidnei, Carlos André, Leila, Marcos Anacleto e Ricardo.

No doutorado, estudei catalisadores Cr/SiO2 tipo Philips para polimerização de etileno. O que motivou essa mudança de sistema e de reação, foi a minha participação, a convite da Profa. Lídia, num projeto da FINEP com a então OPP Petroquímica S.A. (atual Braskem S.A.), de Triunfo/RS. O projeto permitiu uma primeira visita ao Centro de Tecnologia da OPP em Triunfo/RS e o intercâmbio com seus pesquisadores. A partir deste projeto, iniciei minha experiência na orientação de alunos de iniciação científica e de pós-graduação, sempre sob a supervisão da Profa. Lídia. Tentei aprender com ela a ver quem tem o brilho nos olhos dentre os interessados em trilhar a carreira acadêmica. Geralmente, funciona! Até hoje, tenho tido muita satisfação de poder contribuir na carreira de vários alunos de graduação, mestrado e doutorado através da minha orientação compartilhada com professores da UERJ, UFF, UFRJ e IME.

Depois do doutorado, voltei à EQ/UFRJ, participando de um projeto da FINEP com a então COPENE S.A. (atual Braskem S.A.) com uma bolsa de pós-doc, a convite da Profa. Dra. Mônica Antunes.

Participei de todos os CBCATs desde 1995 e boa parte dos CICATs também. Mas, os mais marcantes para mim, foram os primeiros: o 8º. CBCAT em 1995 (que, nessa época era Seminário), e o 16º. CICAT em Cartagena de Índias na Colômbia (que, na época era Simpósio). Também fui a dois ICCs em Seul (2008) e Munique (2012). Em 2015, o Prof. Claudio Mota me convidou para participar da chapa que iria concorrer a Regional 2 da SBCAT junto com os colegas José Luiz Zotin, Maria Auxiliadora Baldanza, Alexandre Leitão e Cristiane Henriques. Foram dois períodos (2015/2017 e 2017/2019) muito produtivos, incluindo a retomada do ERCAT em 2018. Para o período de 2019/2021 formamos chapa com a “saída” da Dora, que foi para a Direção Nacional, e do Claudio, mas com a entrada do Prof. Fabio Toniolo. Apesar da pandemia COVID-19, mantivemos a atividade com dois minicursos com as Dras. Sonia Menezes Cristiane Rodela. Também realizamos o 4º. ERCAT. Todos virtuais. Coloquei a “saída” da Dora entre aspas porque ela segue tão ativa como nunca colaborando das atividades da Regional 2.

Entrei para o Instituto Nacional de Tecnologia no concurso de 2004 como tecnologista na área de Catálise onde desenvolvo meus trabalhos num espectro bem amplo no desenvolvimento de catalisadores para reações com aromáticos, glicerol, fotocatálise, entre outros. Fui Chefe do Laboratório de Catálise do INT por quase 10 anos e da Divisão de Catálise por pouco mais de 2 anos. Desde o início, tenho participado de projetos com todos os colegas do LACAT, em especial com a Dra. Lucia Appel em alcoolquímica. Destaco minha participação em projetos com a Lucia Appel e o Marco Fraga que permitiram obter o Prêmio Inventor da Petrobras por 3 anos seguidos (2011, 2012 e 2013). Sou bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq nível 2 desde 2013

Enfim, nos lugares onde estive, COPPE, EQ, OPP/Braskem e INT sempre procurei aprender bastante, colaborar com os colegas e ajudar os orientados. Boa vontade para encarar os desafios e dedicação para tentar fazer tudo da melhor forma possível. Mas, não se faz nada disso sem orientação divina e apoio da família.

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