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21 11 Regional 2 Quem somos Vinicius Wyse NoticiaGaúcho, gremista e natural de Bagé-RS — uma cidade próxima à fronteira entre o Brasil e o Uruguai — mudei-me para Rio Grande-RS aos 13 anos. Durante o ensino médio, sempre me interessei pelas atividades em laboratório. Lembro, em especial, de um experimento na disciplina de Química cujo objetivo era entender o fenômeno da condução de calor: um bastão metálico era aquecido, com vários pontos cobertos por cera de vela e pequenos percevejos latonados colados. À medida que a temperatura aumentava, os percevejos se desprendiam, revelando o simples efeito da transferência de calor ao longo do metal.

No último ano do ensino médio, ainda indeciso entre cursar Engenharia de Alimentos ou Engenharia Química, optei por seguir na área de Química, motivado pela perspectiva de, no futuro, atuar com refino de petróleo.

Durante a graduação na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), entre 2006 e 2010, iniciei minha trajetória científica com pesquisas em simulação de processos químicos e bioquímica industrial com enzimas — meu primeiro contato com a catálise.

Ao final do curso, surgiu o dilema: seguir para a indústria ou continuar na academia?
Escolhi a academia, sentindo a necessidade de aprofundar meus conhecimentos em temas fascinantes como cinética, reatores e catálise. Em 2011, iniciei o mestrado sob orientação da professora Dra. Carla Weber, investigando catalisadores heterogêneos em reações de hidrogenação. Estudei diferentes métodos de síntese de nanopartículas metálicas e líquidos iônicos.

Em 2014, troquei o chimarrão e a bolacha do Rio Grande do Sul pelo mate gelado e o biscoito do Rio de Janeiro. Ingressei no doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Dr. Claudio Mota. Esse período foi essencial para meu crescimento técnico e científico, com foco em catalisadores heterogêneos básicos (MCM-41 e SBA-15 funcionalizados com grupamentos aminoorgânicos), técnicas avançadas de caracterização e rotas catalíticas para produção de SAF. Foi uma fase enriquecedora, marcada pelo contato com pesquisadores renomados e pela participação em diversos eventos científicos internacionais.

Após defender a tese, em 2018, tive a oportunidade de atuar no Instituto Nacional de Tecnologia (INT-RJ), onde desenvolvi projetos em colaboração com empresas como Petrobras, Sabó e AVL, sob a supervisão do Dr. Marco Fraga. Nesse período, aproximei-me do universo da conversão de biomassa lignocelulósica, dos monólitos catalíticos, dos catalisadores FCC, dos óxidos metálicos e de diferentes tipos de materiais aluminosilicatos.

Certamente, os seis anos no INT foram decisivos para minha transição ao cargo de Especialista Químico de Processos na Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.), onde atuo com foco em inovação no laboratório, controle de qualidade e projetos sustentáveis com colaboradores no Brasil, Estados Unidos e Europa. Além disso, tenho vivenciado a experiência completa: da escala de bancada à planta-piloto e à produção industrial de zeólitas e catalisadores para FCC na refinaria.

Catorze anos após minha decisão de mergulhar na catálise heterogênea, sinto orgulho, gratidão e prazer pela trajetória construída. Mais do que uma área de pesquisa, a catálise me ensinou a ser paciente, resiliente e a encontrar propósito. Saber que meu trabalho pode gerar impacto real é o que me motiva diariamente.

Aos estagiários, mestrandos e doutorandos — deixo um conselho: busquem sempre mais conhecimento, ampliem suas fronteiras, conectem-se com diferentes profissionais e sejam generosos no compartilhamento do que sabem. A ciência se desenvolve plenamente quando é colaborativa.

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